Na década de 1990, o nome da família Ramsey era muito divulgado nos Estados Unidos graças a fama de JonBenét, uma menina de 6 anos. E, para os conhecidos da família, eles não passavam de uns americanos normais, ricos e com uma boa vida.
JonBenét era uma menina linda, com um rosto delicado e uma infância próspera. Graças à mãe, ela participava em concursos de beleza infantis, e era conhecida nacionalmente por isso. Conquistava troféus e cativava os jurados.
Tudo seguia a mais perfeita harmonia, até que, um dia, a menina desapareceu. Foi pelo início da manhã do dia 26 de dezembro de 1996 que os pais da menina perceberam o seu desaparecimento e procuraram-na pela casa.
Ao invés da filha, John e Patsy Ramsey encontraram uma nota de resgate. Escrita à mão, o recado enorme dizia que a polícia não poderia ser chamada e exigia 118 mil dólares. Ignorando o pedidos dos raptadores, os pais da menina ligaram para oficiais e familiares.
Em menos de cinco minutos, dois polícias apareceram na casa da família Ramsey. A casa não apresentava sinais de arrombamento e tudo parecia estar no lugar. A surpresa, no entanto, veio quando os oficiais entraram na residência em Boulder, Colorado.
Toda a família de JonBenét estava na casa, ocupando os sofás e acalmando os pais da menina. O problema, todavia, era que aquela quantidade de gente estava a comprometer as possíveis cenas do crime.
A casa foi investigada, os polícias isolaram o quarto da menina e entrevistaram os pais e o irmão de JonBenét, Burke, de 9 anos. No seu testemunho inicial, John disse ter estranhado o valor exigido no resgate: era o mesmo que ele tinha recebido no bónus de Natal do ano anterior.
Assim, a polícia traçou a primeira suspeita: alguém próximo da família tinha raptado a menina. Nesse momento, os próprios pais de JonBenét eram suspeitos. A figura mudou quando, oito horas depois do seu desaparecimento, a criança foi encontrada.
Desesperado para encontrar a sua filha, John investigou a casa mais uma vez e abriu uma das portas do porão da casa. Assim que entrou no cómodo, encontrou JonBenét no chão, desacordada, com uma fita na boca, pulsos amarrados e coberta por um cobertor branco.
Ele notou um fio de nylon em volta do pescoço da filha e pegou-a nos braços, contaminando a cena do crime mais uma vez. Ainda na casa, a polícia atestou o pior: a miss de apenas 6 anos estava morta. Assim, levaram o corpo para mais investigações.
Segundo o laudo da autópsia, JonBenét foi morta por estrangulamento e fratura no crânio. Não restavam dúvidas: era um caso de homicídio. Inicialmente, todos os membros da família forneceram amostras de caligrafia, sangue e cabelo à polícia, dispostos a ajudar.
Exames foram feitos no local onde a menina foi encontrada, no cobertor usado para cobri-la e com amostras retiradas do próprio corpo de JonBenét. Foi a partir desse momento que os pais deixaram de ser suspeitos, já que o seu ADN não batia com nenhum dos encontrados.
Por mais que existissem evidências de uma violação no corpo da criança, a teoria não foi descartada, já que foram encontrados indícios de uma lesão vaginal. Ainda assim, nenhum sémen foi encontrado na cena do crime.
Naquela época, diversos erros cometidos na investigação incial impediram uma resolução do crime. Desde a contaminação das provas e das cenas do crime, até as entrevistas com os familiares, as atitudes dos investigadores inviabilizaram qualquer conclusão certeira.
Diversas teorias acerca da culpa dos pais da menina foram erguidas. Muitos acreditavam que o pai de JonBenét violavam-na e, ao descobrir, a mãe ficou furiosa e matou a criança por ciúmes. Outros acreditavam que o culpado era o irmão.
Uma das teorias mais sustentadas por entusiastas do caso dizia que Burke morria de ciúmes da fama e da beleza da irmã. Assim, ele teria cometido o assassinato e, para proteger o filho, John e Patsy inventaram toda a história da carta de resgate e do desaparecimento.
Todas as teorias contra a família, no entanto, foram descartadas após as investigações e pela falta de provas circunstanciais. Mesmo assim, ainda existia a teoria de que um invasor teria matado JonBenét e escondido o seu corpo no porão.
Ainda que a casa não apresentasse sinais de arrombamento, um detetive ergueu a teoria de que a menina teria sido atacada por um intruso. Segundo ele, duas janelas da residência foram deixadas abertas na noite do crime, uma janela do porão estava partida e uma porta estava destrancada.
Entretanto, outros investigadores não acreditaram na narrativa, já que indícios mostravam que, de facto, ninguém entrou na casa. Na janela partida, por exemplo, teias de aranha estavam intactas, indicando que ninguém passava por ali há anos.
Anos após o crime, que seguia sem qualquer solução, um professor de 41 anos confessou ter matado a menina. John Mark Karr tinha sido preso em Bagkok no dia 15 de agosto de 2006. No seu julgamento, ele alegou ter drogado, abusado e matado JonBenét.
A sua inocência, pelo menos nesse caso, foi constatada graças aos exames feitos na criança no dia do crime. Nenhuma substância, além de comida, foi encontrada no organismo da menina, invalidando a teoria de contaminação por drogas.
Além disso, as autoridades afirmaram que nenhuma outra prova que poderia ligar o professor ao caso foi encontrada. Sendo assim, ele foi inocentado e a sua confissão foi considerada falsa.
Em julho de 2008, 12 anos depois do crime, a promotora Mary Lacy afirmou que os pais de JonBenét não poderiam ser culpados pelo assassinato, já que as amostras de ADN coletadas nas roupas e unhas da menina pertenciam a um desconhecido.
A partir das amostras, um perfil foi traçado. O assassino de JonBenét provavelmente era um homem de origem hispânica. Traço esse que não batia com qualquer suspeito que surgiu durante as investigações do caso, por mais que muitos tenham sido investigados.
O caso de JonBenét permanece sem solução até hoje e ergue muitas discussões sobre sexualização nos concursos de beleza infantis. A infância da menina, que estava repleta de competições, fama, cursos de etiqueta e responsabilidades, no entanto, foi perdida.