Caminham de mãos dadas, ela com dificuldade ajudada por uma bengala. Ele dá-lhe a mão, mais para a amparar do que para namorar. Distraem-se com quem passa no Jardim da Parada, em Campo de Ourique: crianças a saltar a um canto, homens a jogar cartas noutro, jovens a conversar no quiosque. Eles fazem o passeio da tarde, rotina quando os dias se tornam grandes e quentes.
Há tantos anos, que nem se lembram quantos. O amor existe? Diz ele: "Então não há de existir? Com umas coisitas à mistura. Já tenho ouvido dizer que há casais que nunca se zangam, não sei se acredito nisso.". Diz ela: "Tem de haver amor para viver tantos anos juntos. Sem guerras."
Vão fazer 60 anos de casados a 1 de Setembro. Ele é João Dias e ela a Lurdes Dias, ambos com mais de 80 anos. Ele teve vários empregos depois de se reformar da Carris, aos 35. Ela é modista.
Casaram na terra, concelho de Portalegre, e vieram para Lisboa. Vivem há 65 anpos em Campo de Ourique.
-Como é que foi o namoro?
Lurdes: No nosso tempo era diferente, começávamos a namorar novos e depois casávamos. Ele trabalhava em Lisboa e foi tudo por carta. Não é como hoje, que estão agarrados e a dar beijos a toda a hora e em todo o lado. A primeira vez que ele me beijou foi no dia do casamento e ainda o afaste. Não tínhamos confiança.
-Foram o primeiro parceiro sexual um do outro?
João: Naquele tempo só tínhamos relações depois do casamento, mas ela não foi a minha primeira mulher. Ela era virgem. Olhe, na noite de casamento não houve nada.
sábado, 13 de junho de 2015
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