Esta Lua de Sangue, como lhe chamam os leigos, é já a quarta a ocorrer no espaço de ano e meio, numa sequência que se manifestou a cada seis meses.
O fenómeno registou-se pela primeira vez em 15 de Abril de 2014, repetiu-se no dia 8 de Outubro, voltou a ocorrer a 4 de Abril deste ano, estando agora a quarta Lua de Sangue prevista para a madrugada de 28 de Setembro, completando o que se chama uma tétrade lunar.
Para a maioria dos observadores do fenómeno, a Lua de Sangue é uma mera designação que descreve a coloração avermelhada que a Lua adquire durante o eclipse total. Coloração que ocorre porque os raios de Sol que iluminam satélite, naquele momento, são filtrados pela atmosfera da Terra e atingem a sua superfície com menos luz azul e mais vermelha, explicam os astrofísicos.
Mas para alguns pastores, sacerdotes e fiéis cristãos não restam dúvidas: o quarto é o último eclipse da tétrade lunar cumpre as profecias bíblicas do Apocalipse.
Um dos que o diz é John C. Hagee, o pastor norte-americano que em 2013 publicou o livro Four Blood Moons: Something Is About To Change (Quatro Luas de Sangue: Algo Está Prestes A Mudar) e trata, precisamente, da tétrade lunar que agora termina.
"A vinda das quatro luas de sangue aponta para uma hecatombe mundial que irá ocorrer entre Abril de 2014 e Outubro de 2015", disse o autor à CNN.
Para apoiar as suas previsões, John C. Hagee invoca várias passagens bíblicas. Uma das citadas, que tem um impacto mais imediato, encontra-se no Antigo Testamento e diz:
"E mostrarei prodígios no céu e na terra, sangue e fogo e colunas de fumo. O sol converter-se-á em trevas e a lua em sangue, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor" (Joel 2: 30-31).
Hagee relaciona ainda este fenómeno com o que se descreve no Livro do Apocalipse 6-12:
"Na visão, quando o Cordeiro quebrou o sexto selo, deu-se um grande tremor de terra. O Sol tornou-se preto como um pano de luto e a Lua tornou-se vermelha como o sangue."
A comunidade científica e os céticos, por sua vez, desmistificam as teorias de Hagee. Dizem que as tétrades lunares não apenas são um fenómeno perfeitamente explicado como são até previsíveis: só este século ocorrerão oito.
O site astronómico EarthSky.org acrescentou ainda que, desde o século I, já houve 62 tétrades e o mundo continua aqui. Além disso, elas têm um ciclo natural de ocorrência e são facilmente calculáveis.
Os críticos de John C. Hagee também desvalorizam a sua asserção de que esta tétrade é especialmente significativa por coincidir com duas importantes festividades judaicas: a Pessach (Páscoa) e a Festa dos Tabernáculos (que remete ao tempo vivido em tendas, durante a peregrinação pelo deserto). Uma vez que o calendário judaico se baseia nas fases da Lua, dizem, e que os eventos festivos decorrer, por normal, em dias e noites de lua cheia - quanto também acontecem os eclipses - é natural que tal coincidência ocorra, afirmam.
Bob Seidensticker, autor do site de debate de temas cristãos Patheos.com, juntou uma nota de humor à discussão. Tendo em conta que três dos quatro recentes eclipses totais lunares não foram visíveis em Israel, perguntou:
"De que serve, então, haver uma Lua de Sangue se o povo escolhido por Deus não o puder ver."
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