Existem alguns lugares no mundo nos quais basta cavar um pouco para se deparar com pedacinhos incríveis da História! Há cerca de 10 anos, uma equipa de arqueólogos foi chamado para avaliar uma área em Kanaljorden, na Suécia, antes da construção de uma nova estrada de ferro e uma ponte, no caso de que houvesse algum artefato de interesse por lá.
Os arqueólogos identificaram uma estranha sepultura no local, passaram alguns anos a escavar tudo, outros tantos a analisar a descoberta e, recentemente, publicaram um estudo detalhado do que foi achado. O que os cientistas encontraram é muito estranho e fascinado - e, ao que tudo indica, para poder desvendar o mistério sobre quem construiu a tumba, quem era os seus ocupantes e qual era a sua finalidade, seria necessário fazer uma viagem ao passado.
Lugar peculiar
A sepultura foi encontrada num lugar onde, há milénios, na Idade da Pera, tinha um pequeno lago. Os arqueólogos encontraram ossos de pelo menos sete espécies diferentes de animais - incluindo de urso, javali, alce e cervo -, juntamente com os esqueletos de 10 humanos, sendo nove adultos e um bebé, e a datação por radiocarbono indicou que as ossadas têm por volta de 8 mil anos.
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Crânio com a estaca presa |
Os animais mostram evidências de terem tido a carne removida após serem abatidos, mas, aparentemente, não para o consumo, uma vez que os cientistas não encontraram sinais de que as peças tenham sido colocadas sobre o fogo. Já com relação aos humanos, os exames apontaram que os adultos tinham idades entre 20 e 50 anos e pelo menos dois foram identificados como mulheres.
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Mandíbula de animal com sinais de corte |
Curiosamente, os ossos dessas pessoas foram depositados sobre uma camada de grandes rochas que foi colocada no fundo do lago e os ossos dos animais organizados cuidadosamente ao seu redor - e os arqueólogos suspeitam que a coisa toda tinha alguma função ritualística. Mas tem mais: dos crânios encontrados, os dos adultos não contavam com os maxilares e dois tinham estacas inseridas da base para cima, como se tivessem sido montados para ficar em exposição. Um deles inclusive contava com a ponta da estaca a sair pelo alto da cabeça.
Muito estranho
O esqueleto mais completo do grupo é o do bebé - que teve a idade estabelecida entre 36 e 40 semanas, o que significa que a criança morreu pouco antes ou logo depois de nascer. Sobre os adultos, os arqueólogos encontraram sinais de traumas dos crânios, mas, o interessante é que os ferimentos também mostram evidências de terem cicatrizado e, portanto, provavelmente não foram as pancadas na cabeça que mataram essas pessoas.
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Locais onde os cientistas identificaram os traumas |
As análises apontaram que os ferimentos das mulheres se situam na parte traseira dos crânios, na porção superior direita, como se elas tivessem recebido pancadas por trás. Os traumas dos homens, por outro lado, concentravam-se na parte de cima das cabeças - e o interessante é que os arqueólogos suspeitam que as pancadas foram recebidas em batalhas e, assim, elas demonstram os diferentes papéis que homens e mulheres desempenhavam durante os conflitos.
E com relação à sepultura, a equipa coletou por volta de 400 fragmentos de madeira e estacas - algumas contendo objetos (e crânios) na ponta - e acreditam que elas ficavam posicionadas ao redor do leito de pedra no fundo do lago, servindo como uma espécie de cerca. A estrutura toda media cerca de 12 x 14 metros, mas os cientistas não conseguiram decifrar o seu real propósito.
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Fragmentos de ossos humanos |
Uma teoria é que as pessoas sepultadas no lago fizessem parte de um grupo pouco aceite pelos demais, como, por exemplos, escravos, mas era pouco comum que as sociedades da Idade da Pedra - que eram basicamente nômades caçadores e coletores - mantivessem servos. Outra possibilidade é que os indivíduos tenham caído vítimas de um grupo invasor e recebido esse sepultamento tão peculiar como forma de homenagear a sua coragem.
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