quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Exposição mostra roupas que vítimas usavam quando foram violadas

A violação é um assunto delicado e que, infelizmente, precisa estar em pauta com frequência, para que se crie uma boa educação social sobre o que é, de facto, a violação e inclusive sobre o tratamento com a vítima, que muitas vezes acaba por ser considerada responsável pela violência que sofreu.

Quem é que nunca ouviu alguém a dizer que determinada pessoa não teria sido violada se estivesse em casa, se estivesse com a família ou, quem sabe, se estivesse a usar uma roupa "comportada"?

Esse tipo de lógica é errada e cruel, pois acaba compreendendo a cabeça do criminoso e culpabilizando quem teve o seu corpo invadido de alguma maneira. Violações acontecem em casa, em escolas, em igrejas e em todos os lugares, assim como as vítimas podem estar a usar mini-saias ou até camisolas a tapar o pescoço completamente.

É justamente para mostrar que a roupa de uma vítima não tem nada a haver com a violência que ela sofreu é que uma exposição foi feita na Bélgica. Chamada de "Como vocês estava vestido?", a mostra em Bruxelas criou uma exposição de roupas idênticas às que diversas vítimas estavam a vestir quando foram atacadas.


A culpa de uma violação é do violador


Abaixo de cada combinação de roupa há também uma descrição do ataque, o que mostra que nem mesmo as roupas mais "inocentes", como pijamas e camisolas, não representam qualquer tipo de segurança.

De acordo com os organizadores da mostra, a ideia era "criar uma resposta tangível a um dos nossos mitos mais universais sobre a cultura da violação. A crença de que a roupa ou o que alguém estava a vestir 'causa' violação é extramente prejudicial aos sobreviventes".

Como observou Lieshbeth Kennes, que trabalha no Centro Marítimo Comunitário, onde a esposição está a acontecer, além de vermos as roupas que as pessoas estavam a usar, percebemos também que a violação é um ato violento e marcante, ao ponto de a vítima se lembrar de todas as roupas que usava quando foi violentada. A exibição está aberta até ao dia 20 de janeiro.
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