"As crianças são indivíduos curiosos por natureza, ávidos de aprender novas coisas e com grande capacidade de aprendizagem. A sua curiosidade depende de muitas variáveis da qual faz parte o seu próprio desenvolvimento. As crianças não são todas iguais", explica a sexóloga Vânia Beliz, co-autora do livro A Viagem de Peludim - que tem por objetivo abordar a adequada educação sexual, desde a primeira infância.
"É importante que os pais compreendam que quando falamos de sexualidade e educação sexual com crianças de 3-4 anos não estamos a falar de relação sexual, mas sim de corpo, identidade, cuidados, proteção".
Vânia Beliz acredita que a educação sexual permite que as crianças se protejam da violência sexual e de comportamentos de risco, que lidem e aceitem o seu corpo e o dos outros com naturalidade, que respeitem a diversidade. "A educação sexual apoia no reforço da autoestima, reduz a insegurança em relação ao corpo e à imagem", conclui a sexóloga que dá formação em escolas sobre esta temática.
2/3 anos: As crianças na creche, com irmãos mais velhos podem ser mais curiosas porque começam a interagir com outros diferentes de si. Nesta fase questionam sobre o corpo, por isso nesta altura devemos chamar tudo pelos nomes certos. Usar nomes desadequados poderá dar a ideia de que é algo errado de que não devemos falar. Nesta altura as crianças não tem capacidade para compreender a complexidade por isso o nome vulva será o mais correto, porque diz respeito ao que elas tocam, lavam e devem proteger, É a altura em que devemos explicar que [os genitais] são zonas íntimas e que ninguém deverá mexer.
4/5 anos: Nesta altura as crianças podem manifestar interesse por questões básicas da sexualidade, podem questionar porque é que meninos e meninas são diferentes. Podem querer explorar-se e tocar no corpo do outro de forma a reconhecer as diferenças. Tratando-se de crianças da mesma idade é um comportamento normal. O objetivo não tem nada a ver com o comportamento dos adultos, apenas procuram compreender as diferenças. Devemos reforçar as questões de privacidade e de cuidado com o corpo, sem castigar e repreender negativamente a criança se a surpreendermos em jogos de estimulação. Surgem questões sobre como se fazem os bebés, de onde vêem. Nesta altura devemos sempre tentar perceber o que sabem as crianças, muitos pais falam de sementinhas, é importante que as crianças saibam que existem células especiais, que servem para fazer os bebés (se não perguntam o que é uma semente também não vão questionar o que é uma célula, se perguntarem dizemos que o nosso corpo tem muitas e diferentes e que estas especiais estão num lugar especial do corpo, nos homens nos testículos, nas mulheres nos ovários dentro da barriga). Que quando são adultos e querem fazer bebés os homens colocam o pénis dentro da vagina da mulher e deixam lá as células pequeninas que vão ao encontro da célula da mulher.
6/8 anos: A partir dos 6 anos as questões começam a ser mais complexas, há perguntas sobre concepção, gravidez, parto com mais necessidade de detalhe. Algumas meninas têm aos 8 anos alguns sinais de puberdade, pelo que falar das mudanças do corpo é essencial.
9/11 anos: É a fase da puberdade. As meninas têm muitas dúvidas sobre a primeira menstruação e os pais devem ajudá-las, preparando um kit que deverão trazer na sua mochila principalmente se a menina já tiver sinais de que poderá estar próxima: pelos púbicos, desenvolvimento mamário, por exemplo. Nesta fase é importante ajudá-los no reforço da higiene e cuidado com o corpo. É importante que expliquemos que não crescemos todos na mesma altura, porque este desfasamento pode causar angústia em relação ao corpo e imagem para os quais os pais devem estar atentos.
12/13 anos: Esta é uma altura em que estão na puberdade e que as mudanças físicas surgem. Aparecimento da menstruação nas meninas, ejaculações nos meninos. As mudanças psicológicas e físicas surgem desencadeadas pelas hormonas que ditam a mudança. É o momento para se abordar alguns mitos e não temer falar de contracepção. Existem meninas que são mães aos 12-13 anos por isso e porque as coisas não acontecem só aos outros é importante informar e esclarecer. Isso vai fazer com que possam ser mais responsáveis e adiar comportamentos de risco. É importante que eles saibam que biologicamente as células já estão prontas e que já são férteis, por isso no caso de haver carinho e miminhos entre um casal, mesmo sem penetração deve haver cuidados de proteção. Muitas meninas ainda acham que nãos e engravida na primeira vez e desde cedo os rapazes devem saber colocar um preservativo, não é quando forem precisar dele.
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