Quando Radama assumiu o trono, Ranavalona seria a mãe do futuro herdeiro da coroa. Como foi a primeira das 12 esposas de Radama, apenas os seus filhos seriam considerados na linha de sucessão. Porém, o casal nunca teve filhos, e isso tornou-se um grande problema, já que Radama morreu de sífilis tempos depois.
O sobrinho de Radama, Rakotobe, seria o herdeiro neste caso. Porém, a tradição falava que qualquer filho de Ranavalona, mesmoq ue não fosse comprovado ser filho de Radama, poderia roubar a coroa. Rakotobe planeou então, matar a prima bastarda, e ela descobriu isso.
Coroação e primeiras tiranias
Antes de morrer, Radama tinha aberto Madagascar para missionários cristãos, o que atraiu a ira de muita gente. Por isso, as pessoas achavam que Rakotobe iria seguir os passos do tio, e as pessoas não estavam muito animadas com isso. Ranavalona era bastante popular entre o exército e conseguiu convencer o povo que seria uma boa rainha. Então, em 12 de junho de 1829, a rainha-plebleia assumiu o trono.
O seu primeiro ato foi mandar matar Rakotobe e a sua mãe. Durante a coroação, ela disse: "Nunca digas 'ela é apenas uma mulher fraca e ignorante, como ela pode governar um vasto império?' Vou governar para a sorte do meu povo e a glória do meu nome! Vou adorar deuses, mas aqueles dos meus ancestrais. O oceano é o limite do meu reino, e eu não vou ceder nem à espessura de um fio de cabelo do meu reino!".
E assim foi feito: Ranavalona mandou os missionáros cristãos embora de Madagascar, desfez acordos comerciais firmados pelo seu falecido marido com a França e a Inglaterra, e até entrou numa batalha marítima contra os franceses.
Logo nos primeiros anos, Ranavalona mostrou que seria uma tirana. |
Combate ao cristianismo
Ranavalona não estava para brincadeiras: se soubesse de alguém que não fosse fiel a ela, a rainha ordenava que a pessoa comesse 3 peles de galinha e uma noz envenenada que a faria vomitar: se o suposto infiel não vomitasse todas as peles, não provaria a sua fidelidade. Ela decapitou um amante que se recusou a esse castigo.
Aos estrangeiros, ela não negava a liberdade religiosa no seu país. Porém, ninguém poderia ensinar o povo de Madagascar uma crença que não fosse própria de lá. A pena era clara: a morte! Isso fez com que muitos cristãos fugissem do país, e inúmeros dos que ficaram foram presos, torturados e executos.
Numa vez, ela colocou 15 missionários cristãos pendurados em cordas sobre um precipício, cortanto a sustentação e matando-os a todos. Noutras ocasiões, ela cozinhava os cristãos vivos. Já em 1845, ela organizou uma expedição de caça a búfalos com mais de 50 mil pessoas do seu reino: 10 mil homens morreram de fome nos 4 meses de caçada; e nenhum búfalo foi ferido.
Morte de missionários em precipício é um dos eventos mais conhecidos da sua maldade. |
Morte e assombração
Mais tarde, Ranavalona acabou por gerar um filho, a quem deu o nome de Rakoto. O rapaz não concordava com a tirania da mãe, inclusivo conspirando contra a sua própria vida. Ele nunca conseguiu atingir o seu objetivo, e Ranavalona morreu pacificamente aos 80 anos de idade.
Acredita-se que ela tenha sido responsável pela morte de 2,5 milhões de pessoas durante todo o seu reinado. No seu funeral, um acidente com um barril de pólvora ainda matou vários espetadores. Muitos consideram isso um final "apoteótico" para uma vida de tantas tiranias.
Rakoto assumiu o trono e conseguiu reverter várias das políticas polémicas da sua mãe. Ele durou pouco no reinado: ele foi vítima de traição alguns anos após colocar a coroa na cabeça. Essas mudanças de Rakoto fizeram o povo de Madagascar acreditar que Ranavalona estava a assombrar o país, descontente com as decisões do filho.
Num outro episódio, durante uma batalha na praia contra os franceses, Ranavalona empalou os inimigos na praia para assustar as pessoas. |
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