sexta-feira, 13 de maio de 2016

Tens dificuldades em receber elogios?

Como te sentes ao receber um elogio? Quais os pensamentos te vêm à mente? Que padrões de respostas costumas dar? Como tendes a reagir? Para muitos, receber um elogio pode aprecer algo forçado, irreal e ilusório.Uma necessidade do outro em lhe agradar, sem que aquela seja uma fala verdadeira e optimista. Existe uma grande dificuldade de aceitação perante o elogio quando, no fundo, acreditamos firmemente que não somos merecedores de tal enaltecimento.

Assim, acabamos por reagir de maneira padronizada a estes momentos, impedindo que o poder e o intuito do elogio se façam nas nossas vidas.

Quando elogiamos alguém, temos a intenção de fazer com que o outro tenha consciência das suas qualidades e saiba que tem a nossa admiração. O elogio tem por objectivo ajudar a pessoa a perceber os seus feitos, as suas qualidades e pontos fortes, para que as suas potencialidades sejam exercidas e desenvolvidas. Quando temos consciência de quais são as nossas forças, podemos utilizá-las da melhor forma, usufruindo dos nossos dons e talentos para criar o melhor para nós, melhorar e ajudar a ajustar os pontos de dificuldade. É uma forma de nos desenvolvermos a partir do que temos de mais positivo.

Quando a dificuldade é reconhecer as próprias qualidades, é preciso um trabalho focal em  cima desta questão. Precisamos olhar para o que nos prende e impede de acreditar em nós mesmos, pois esta falta de credibilidade em si gera ainda mais insegurança e faz com que as nossas potencialidades não sejam desenvolvidas, apuradas e manifestadas com plenitude.

Evitar elogios é mecanismo de defesa para impedir sofrimento

Por trás da dificuldade em receber um elogio, tu podes te perguntar o que te faz não acreditar no que está a ser dito. Muitos passam por esta dificuldade em aceitar que o outro está a ser sincero e não apenas a tentar te agradar com mentiras e exageros. A crença que há de ti mesmo é tão forte que qualquer movimento de fora que seja contrário ao que se acredita é visto como falso e exagerado. Desta forma, cria-se um círculo vicioso no qual a crença de que tu não és bom o bastante te faz não acreditar no elogio podendo fazer com que te sintas iludido e tão pequeno a ponto do outro querer te agradar com adjetivos falsos. Por sua vez, a insegurança aumenta ainda mais, reforçando a crença de que não és bom o suficiente. É uma armadilha subtil que nos pregamos, sabotando a nossa própria felicidade.

A dificuldade em receber um elogio e as tuas reacções consequentes são um mecanismo de defesa em busca de amenizar e evitar qualquer tipo de ilusão e sofrimento. O pensamento pode passar por algo do tipo: "Eu não sou bom mesmo, não vou ser estúpido em acreditar no que ele está a dizer. Essa pessoa não me vai iludir. Eu sei que não sou isso". Esta é uma defesa para evitar um possível sofrimento, baseado na possibilidade do outro te iludir para depois te magoar e fazer com que caias de volta à realidade. Para que isso não aconteça (e tu tens certeza de que acontecerá), tu evitas acreditar em qualquer elogio para não correres o risco de te magoares ou de seres rejeitado. O pensamento também pode vir na forma de: "ele não sabe o que diz. Quando perceber que eu não sou nada disso, vai rejeitar-me". E para evitar que essa possível rejeição se concretize, tu mesmo já te rejeitas, assumindo a ideia de que não és bom o bastante e deixas logo claro, para ti e para o outro, que não há chances para ilusões e consequentes rejeições. Estes são só alguns exemplos dos inúmeros artifícios que usamos para nos sabotar e reafirmar as crenças negativas sobre nós mesmos.

Todo esse mecanismo acontece, em boa parte, de maneira inconsciente. Muitas vezes mal nos damos conta do que está por trás do desconforto gerado por um elogio. Por trás dessa dificuldade, existe alguma crença a respeito de ti próprio. Uma crença de que não és bom o bastante, de que não és merecedor, de que não és capaz ou que não tens como corresponder ao elogio.

Qual a crença negativa tu tens a teu respeito?

Para lidares melhor com isso, pára e reflete sobre qual crença tu tens a teu respeito. O primeiro passo para trabalhar com alguma questão interna é saberes o que é esta questão, de onde ela vem e como ela foi aí parar. Então pergunta-te:

O que tu achas de ti mesmo?

De que maneira tu passaste a acreditar nisso?

Quem, dentro de ti, te está a dizer isso? O teu pai, a tua mãe, a tua professora?

Qual é a voz dentro de ti que te diz que não és bom o bastante, que não mereces ou não és capaz?

Olha à tua volta. Isso no qual tu acreditas parece-te fazer sentido? Muitas vezes, a crença é tão forte que é difícil até de compreender se ela faz sentido ou não.

O que tu achas que pode acontecer caso tu acredites neste elogio?

Qual a crença te trava para acreditares que o outro pode, sim, achar algo positivo de ti e agradecer-te de coração por lhe mostrares o teu ponto forte?

Muitas vezes é difícil sair sozinho deste círculo vicioso de baixa auto-estima e autos-sabotagem. Neste caso, um suporte psicoterapêutico é importante para te ajudar a compreender os teus mecanismos de defesa e a realidade por trás de toda a crença criada. A psicoterapia favorece o auto-conhecimento e a autor-reflexão, para um olhar amplo e aprofundado a teu respeito, além de fornecer ferramentas para lidar com estas questões que aprisionam. A partir da compreensão dos nossos mecanismos de defesa podemos, então, romper com o padrão e decidir fazer diferente, procurar novos caminhos para uma vida mais leve e prazerosa, na qual tu reconheces e desenvolves as tuas próprias qualidades e potencialidades. É preciso poder olhar para o ponto original onde a crença foi criada para, assim, ter a possibilidade de desmistificar e ressignificar esse padrão dentro de ti mesmo. Assim, abre-se um espaço interno para que o novo atue na tua vida e tu possas vivenciar os elogios e os teus pontos fortes de maneira mais produtiva, leve e saudável.
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