Na pedra tumular lê-se "Blessed be the man that spares these stones, / And cursed be he that moves my bones" - em português: "abençoado seja aquele que poupar estas pedras, / e amaldiçoado seja aquele que mexer nos meus ossos". O nome do bardo não aparece em lado algum. Apenas se vê aquela mensagem.
Com este pedido em jeito de ameaça inscrito na pedra colocada sobre o corpo do dramaturgo, so arqueólogos optaram por fazer a investigação aos restos mortais de Shakespeare usando um rapar de profundidade. Os resultados a que chegaram não são conclusivos no que diz respeito à cabeça, mas por outro lado, há outros mitos que foram descartados.
Corria a história de o corpo tenha sido enterrado de pé, como aconteceu na abadia de Westminster com Ben Johnson, o seu amigo e colega escritor. Outro relato dava conta de que estaria enterrado a mais de cinco metros de profundidade para evitar que o seu descanso eterno fosse perturbado.
Nada disso é verdade. Os arqueólogos encontraram o corpo a cerca de um metro da superfície e, em vez de um caixão, o corpo está apenas enrolado num manto.
Esta é a primeira investigação científica levada acabo na campa de Shakespeare, na igreja Santíssima Trindade em Stratford-on-Avon e foi transformada em documentário para ser transmitido no canal televisivo Channel 4, no próximo sábado.
Durante o trabalho os arqueólogos conseguiram desmistificar alguns mitos, no entanto, o maior mantém-se. As provas aliás, apontam para a sua veracidade.
A conclusão mais espantosa é que aparentemente a cabeça de Shakespeare desapareceu e o crânio terá sido levado da sua campa por caçadores de troféus.
Kevin Colls, o arqueólogo que liderou a equipa, admite que o túmulo não estava como eles estavam à espera. "Nós deparamo-nos com uma coisa estranha e singular na zona da cabeça. Era muito evidente, olhando para os dados que estávamos a receber, que algo se passava naquele sítio em particular. Concluímos que se tratam de sinais de manipulação, de material que foi desenterrado e depois recolocado no sítio". Também há uma "estranha estrutura de tijolos" que atravessa a zona da cabeça na campa.
Tudo isto são dados que dão credibilidade, diz o arqueólogo, a um relato publicado na revista Argosy, em 1879, de que o crânio teria sido roubado em 1794.
"No século XVII e XVIII o assalto a campas era muito comum", diz Kevin Colls. "Havia quem quisesse os crânios de pessoas famosas para os analisar e ver o que é que fazia com que fossem génios. Não é surpresa para mim que Shakespeare fosse um alvo".
O arqueólogo diz estar convencido que o crânio foi levado da campa, mas admite que as provas não são conclusivas.
O vigário da igreja da Santíssima Trindade, o reverendo Patrick Taylor, agarra-se a uma nesga de incerteza para dizer que tem mais dúvidas. "Sabemos mutio mais sobre como Shakespeare foi enterrado", afirma o revendo "não estamos convencidos, no entanto, de que há prova suficiente para concluir que o crânio foi roubado."
"Queremos continuar a respeitar a santidade do túmulo, de acordo com o desejo de Shakespeare, e não vamos permitir que ele seja manipulado" sublinha o reverendo Patrick Taylor que termina admitindo que "teremos que continuar a viver sem certezas acerca do que está por baixo da pedra".
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