Reportagem do jornal alemão Bild publicada nesta segunda-feira (07/03) revelou detalhes do diário pessoal de Andreas Lubitz, o copiloto que, segundo resultados de investigação, derrubou propositadamente o voo da Germanwings nos Alpes franceses, em Março de 2015.
O jornal afirma ter obtido acesso exclusivo a milhares de páginas do diário que Lubitz mantinha no seu computador pessoal, além de avaliações feitas por médicos do copiloto e outras pistas sobre o seu estado mental. O material teria sido recolhido por promotores franceses.
Em Setembro de 2008, quando se mudou para Bremen para iniciar o seu treinamento na Lufthansa, Lubitz queixou-se de solidão e de problemas para dormir no seu novo apartamento. Após dois meses, ele interrompeu o treinamento em razão de depressão, reclamando também de problemas nos olhos e de que estaria a ouvir ruídos.
"Submeti-me a tratamento psiquiátrico, depressão aguda, sonho de me tornar piloto praticamente acabado", escreveu na época. Noutro registo, Lubitz descreve um sentimento de tristeza: "Vejo como o mundo me deixa de lado [...] pular de um abismo é a única saída".
Após deixar a escola de aviação, um terapeuta avaliou que o copiloto sofria de "forte auto-comiseração" e era atormentado por "conflitos internos", mas afirmou não ter notado tendências suicidas.
Após receber tratamento intensivo, que incluía medicamentos, hipnose e exercícios de relaxamento, Lubitz parecia responder bem à terapia. Em meados de 2009, o seu médico considerou que ele estava apto a reiniciar o seu treinamento.
Nova Recaída
No diário, o jovem de 21 anos demonstrava maior otimismo, agradecendo o apoio de membros da família e da namorada. No final de 2009, porém, a depressão parece ter retornado. Ele queixava-se de "ouvir ruídos, redução da audição e do olfato", além de se sentir apático. "Mal consigo pensar claramente e preocupo-me, principalmente, com a falta de esperança em relação à minha situação".
Apesar da recaída, ele continuou o treinamento e conseguiu ser aprovado como copiloto em 2014. Lubitz descreveu aquele ano como "stressante", apesar de conseguir trabalho na Germanwings e mudar-se com a namorada para um apartamento em Düsseldorf.
Nos meses que antecederam a queda do avião, ele consultou 41 médicos diferentes, segundo informações dos promotores franceses. Apesar de que muitos deles terem percebido graves problemas psiquiátricos, nenhum alertou a empresa aérea em que Lubitz trabalhava.
Após começar a trabalhar na Germanwings, Lubitz foi afastado do trabalho por razões médicas em diversas ocasiões, inclusive no dia do acidente. Aparentemente, o copiloto teria decidido omitir esse facto dos seus superiores.
Segundo as provas colhidas pelas autoridades francesas, o copiloto trancou-se na cabine de comando e colocou o avião numa descida acentuada sobre os Alpes franceses, matando todas as 149 pessoas que levava a bordo, entre passageiros e tripulantes.
O acidente fez com que as autoridades alemãs tomassem medidas para reforçar a segurança das cabines de comando dos aviões e intoduzissem testes aleatórios de consumo de drogas e álcool nos pilotos.
terça-feira, 8 de março de 2016
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